domingo, novembro 12, 2006

DEIXEM-ME QUE VOS DIGA

Permitam-me, ou não, que um maçarico vos fale, sim, porque maçarico mas com 

cara para dar e boca para falar.

Continuando vou ser breve e relembrar aqui também algumas coisas que eu fui 

aprendendo no quartel onde cresci, já para não falar nos exemplos com quem 

cresci, e já que os senhores são frequentadores do quartel devem saber de 

quem falo; esses HOMENS que  estando ainda entre nós ou não, merecem 

respeito por eles, e por tudo que vos tentaram transmitir a voçês todos que 

se dizem bombeiros em letras grandes.


A DISCIPLINA É A BASE DA ORDEM, A ORDEM É A BASE DO PROGRESSO. A obediência 

é uma Virtude que conduz à disciplina , à Ordem e ao progresso da corporação 

e dos seus Homens.


UMA CORPORAÇÃO É UMA IRMANDADE. o bom Bombeiro é dedicado e cumpridor, mas 

SEMPRE desinteressado no serviço.


OBEDECER PARA SABER MANDAR, É COMO COMEÇA O BOM BOMBEIRO. nunca se discutem 

as ordens superiores, cumprem-se com prontidão e respeito.


SÊ COMPREENSIVO E INDULGENTE PARA QUE O SEJAM CONTIGO. Dentro e fora do 

quartel, no serviço ou fora dele, MOSTRA A TUA NOBRE QUALIDADE DE BOMBEIRO.


Foram estes valores e mais alguns que me fizeram abraçar a Honra e a 

Responsabilidade perante mim e os outros de querer ser BOMBEIRO.

Finalizando, um Homem é aquilo que pensa, faz, e assume ou não. Toda a sua 

vida será vivida em virtude do seu passado, do que aprendeu com ele ou não. 

E como dizia o outro: E mais não digo...


Um Abraço. Pedro Miguel de Jesus Marques Portela Ribeiro

segunda-feira, novembro 06, 2006

Brincar!!! Porque não?

Antes de mais, saudações Bombeirísticas

Escrevo este desabafo e com este título, com o intuito de mostrar na minha opinião, o porquê de tantos problemas nos NOSSOS QUARTEIS por esse país fora.

Espero que no fim entendam as maiúsculas escritas atrás e as aspas adiante.

Há 30 e tal anos, ao colo do meu Saudoso PAI fui a um sítio fascinante, com muita gente simpática, estavam sempre a rir uns com os outros e a “brincar”. Gente daquela que nos agarra nas bochechas e nos fazem sentir não sei como, estúpidos talvez. Mas era um lugar agradável, com um cheiro…huumm, não sei mas era bom.

Havia pópós, muitos pópós e tinham luzes, o que é fascinante para um puto. Eram vermelhos, grandes. E o meu cerebrozito lá pensava a meio gás, “que espectáculo, são tão grandes e tão lindos.”

De vez em quando tocava uma corneta e via aquela gente a correr feito tolinhos para esses pópós, talvez andassem a “brincar”. Mas o esquisito era ver o meu PAI a “brincar” também. Era fixe vê-los a correr, talvez fosse à apanhada. Aquilo era mesmo giro. Como eu queria “brincar” com eles também. Mas ficavam todos sujos e se eu aparecesse assim em casa a minha mãe não ia gostar nada. E os pópós? Chegavam todos riscados e sujos. Mas pensava eu que a “brincadeira” tinha acabado. Não, estavam a limpar tudo e os meus popós estavam outra vez lindos. Como era bom ver aquela gente simpática e alegre a “brincar”, eram todos meus amigos. Comecei a ir lá muitas vezes para ver o meu PAI e os meus amigos a “brincar”. Era tão giro, era tudo tão grande para eu poder correr. Ups, lá vão eles “brincar” outra vez. PAI, Deixas-me vir “brincar” também quando eu for grande? Fixe, ELE disse que sim. Olha o Catotinha!!! Caramba, nas bochechas não.

As festas eram tão lindas, davam prendas no Natal, daquelas que os putos da minha idade gostam.

E assim passei alguns anos da minha vida. A ver os meus amigos a “brincar” e claro a apertarem as bochechas.

Agora também corro para os carros feito tolinho, mas não vejo gente simpática.

Esta é uma pequena história verdadeira, a minha história. Como tantas outras espalhadas por aí.

Hoje, passado algum tempo e já crescidinho, olho á minha volta. O meu cérebro, não a meio gás, mas com uma consciência já bem formada pensa, onde estão todos? Os meus pópós estão aqui, mas onde estão todos? Olha, vem ali um amigo meu. Caramba estava a ver que não aparecia ninguém para eu “brincar”.

Afinal não veio para aqui, foi para o café.

Sim “brincar”, sou crescidinho mas posso “brincar” com o meu PAI fazia e os meus amigos à uns anos. È para isso que cá estou.

Ai, tocou a corneta, fixe vou “brincar”. Mas!!!!!!!!!!!!!!! Ei pessoal. Bora lá. Olha não está cá ninguém!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Hoje a historia resume-se a um simples “não está cá ninguém”.

Hoje é a minha KiKinha que vai ao meu colo. Mas tenho medo. Tenho medo do que ela possa ver e ouvir. Tenho medo que ela veja os pseudo “amigos” do pai, tal como eu vi outrora mas esses eram verdadeiros e puros. Esses eram Bombeiros a sério. Ainda os há, são os que vão mantendo a máquina a funcionar.

Quantos de vós não “brincaram” em tempos, levados ao colo do PAI ou não.

Era bom “brincar” não era? E agora?

Recordo esses momentos com alguma emoção e com os olhos húmidos, pelas recordações, pelas “brincadeiras”, pelos amigos e claro, pelo PAI.

Como eu queria viver tudo isso outra vez, “brincar” com os meus amigos. Mas não me deixam. E onde estão eles? Já não são tantos como antigamente.

Agora a BRINCADEIRA é outra. É feita com gente falsa, mesquinha e tacanha.

Hoje impera a cobardia.

Coloco-me muitas questões.

Se os de que estão hoje são os de outrora, porque já não se “brinca”?

Porquê tantos problemas?

O que move esta gente a andar nos Bombeiros?

Porquê tanto ciúme? Sim ciúme de amizades.

Porque não têm humildade?

Porquê tanta falsidade?

Já não sabem brincar e muitos já não são amigos.

Já não temos quartéis, mas sim autênticos jardins zoológicos onde não há respeito por ninguém. Aqueles que tanta responsabilidade têm não passam duns irresponsáveis.

Não sabem nada, pararam no tempo. Mas mesmo assim ensinam. O quê???!!!! Nem vos digo que parece mal.

Olha, está cá o circo. Mais?

Para terminar.

Deixo aqui um desejo.

Espero em breve voltar a poder “brincar” livremente com os meus amigos como antigamente, mas com amigos verdadeiros. Para que os nossos Quartéis voltem a ser casas de respeito, de virtudes e de princípios. E não de exploradores e papões. Que nessas casas voltem haver BOMBEIROS e não inergumenos falsos e hipócritas.

É uma coisa que nunca se esquece “BRINCAR”, mas vamos voltar a faze-lo. Tenho a certeza.

Sabem porquê?

OS PÓPÓS ESTÃO LÁ.

Um abraço de Viseu para todos deste vosso AMIGO que deseja boas “brincadeiras”

Carlos Ribeiro



Nota: Enviado por Carlos Ribeiro e recomendado por Pedro Portela.