A maioria dos bombeiros desconhece o comportamento do fogo. Xavier Viegas, investigador que há mais de 15 anos estuda os incêndios florestais, afirma que a aposta na formação e a criação de uma efectiva cultura de segurança evitariam acidentes e mortes - só em 2005, 12 homens perderam a vida no combate às chamas.
Os desastres são, pois, evitáveis. Mas não é só o desconhecimento que os bombeiros têm das manhas do "inimigo" que estão em causa. Xavier Viegas denuncia também um factor de voluntarismo por parte dos bombeiros, "armados em 'rambos' e movidos por uma adrenalina que pode ser prejudicial". Como se não bastassem estes factores, há falhas na hora de apurar responsabilidades e tirar ilações do que aconteceu - "tenta-se varrer tudo para debaixo do tapete". "Nos acidentes que investiguei constatei que se devem ao comportamento eruptivo do fogo, situação que a maioria dos bombeiros não sabe identificar", disse ao DN o professor da Universidade de Coimbra e responsável pelo Centro de Estudos Sobre Incêndios Florestais. Ao desconhecer estes factos, os bombeiros não se previnem, colocam-se em risco na frente de fogo e ficam vulneráveis aos acidentes. Não sabem preveni-lo mas dão-lhe um nome - efeito chaminé.
Xavier Viegas diz ainda que a própria doutrina de combate aposta em "atacar a cabeça do fogo ou rodeá-lo". Abordagem que, nalgumas situações, pode, e tem, sair cara. Para evitar a repetição destes acidentes, diz ,"é preciso apostar na formação". O investigador defende ainda que seja "obrigatório fazer uma investigação sempre que há um acidente envolvendo mortos ou feridos".
O Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) responde que "os acidentes com bombeiros nos incêndios florestais são objecto de relatório inicial efectuado pelos comandantes distritais". Em casos específicos, pode ser instruído um inquérito pelo Gabinete de Inspecção a despacho da presidência. Para evitar a repetição dos acidentes, dos processos de inquérito retiram-se conclusões que são transpostas em recomendações. Essas "são divulgadas pelos corpos de bombeiros", afirma.
Opinião bem diferente têm os representantes dos bombeiros. Duarte Caldeira, da Liga de Bombeiros, desconhece esses relatórios e deixa a questão: "O que foi feito para evitar que esses acidentes se repitam?"
Quando se repetem, diz Xavier Viegas, procura-se arranjar maneira de desculpabilizar: "Era o fado, estava no local errado, foi uma fatalidade." O investigador defende análises construtivas, "não para culpar mas para impedir que o erro se repita".
A forma como foi conduzida a investigação do acidente de Mortágua, onde há um ano morreram quatro bombeiros, que já vai na segunda comissão de inquérito, é a prova de que estes não são uma prática corrente. Aqui houve críticas de falta de transparência, de pressões e de muitas distorções.
Paulo Jesus, presidente da Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários, refere os comportamentos de risco que devem ser evitados: bombeiros a combater de T-shirt, viaturas sem condições de segurança, homens que arriscam de mais. Lemas como "podemos não voltar, mas vamos" são o espelho da atitude que não se deve tomar. Xavier Viegas defende mesmo até a existência de um oficial de segurança, responsável por verificar as regras de protecção.
DN
Os desastres são, pois, evitáveis. Mas não é só o desconhecimento que os bombeiros têm das manhas do "inimigo" que estão em causa. Xavier Viegas denuncia também um factor de voluntarismo por parte dos bombeiros, "armados em 'rambos' e movidos por uma adrenalina que pode ser prejudicial". Como se não bastassem estes factores, há falhas na hora de apurar responsabilidades e tirar ilações do que aconteceu - "tenta-se varrer tudo para debaixo do tapete". "Nos acidentes que investiguei constatei que se devem ao comportamento eruptivo do fogo, situação que a maioria dos bombeiros não sabe identificar", disse ao DN o professor da Universidade de Coimbra e responsável pelo Centro de Estudos Sobre Incêndios Florestais. Ao desconhecer estes factos, os bombeiros não se previnem, colocam-se em risco na frente de fogo e ficam vulneráveis aos acidentes. Não sabem preveni-lo mas dão-lhe um nome - efeito chaminé.
Xavier Viegas diz ainda que a própria doutrina de combate aposta em "atacar a cabeça do fogo ou rodeá-lo". Abordagem que, nalgumas situações, pode, e tem, sair cara. Para evitar a repetição destes acidentes, diz ,"é preciso apostar na formação". O investigador defende ainda que seja "obrigatório fazer uma investigação sempre que há um acidente envolvendo mortos ou feridos".
O Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) responde que "os acidentes com bombeiros nos incêndios florestais são objecto de relatório inicial efectuado pelos comandantes distritais". Em casos específicos, pode ser instruído um inquérito pelo Gabinete de Inspecção a despacho da presidência. Para evitar a repetição dos acidentes, dos processos de inquérito retiram-se conclusões que são transpostas em recomendações. Essas "são divulgadas pelos corpos de bombeiros", afirma.
Opinião bem diferente têm os representantes dos bombeiros. Duarte Caldeira, da Liga de Bombeiros, desconhece esses relatórios e deixa a questão: "O que foi feito para evitar que esses acidentes se repitam?"
Quando se repetem, diz Xavier Viegas, procura-se arranjar maneira de desculpabilizar: "Era o fado, estava no local errado, foi uma fatalidade." O investigador defende análises construtivas, "não para culpar mas para impedir que o erro se repita".
A forma como foi conduzida a investigação do acidente de Mortágua, onde há um ano morreram quatro bombeiros, que já vai na segunda comissão de inquérito, é a prova de que estes não são uma prática corrente. Aqui houve críticas de falta de transparência, de pressões e de muitas distorções.
Paulo Jesus, presidente da Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários, refere os comportamentos de risco que devem ser evitados: bombeiros a combater de T-shirt, viaturas sem condições de segurança, homens que arriscam de mais. Lemas como "podemos não voltar, mas vamos" são o espelho da atitude que não se deve tomar. Xavier Viegas defende mesmo até a existência de um oficial de segurança, responsável por verificar as regras de protecção.
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