domingo, maio 21, 2006

Bombeiros contra a quarteleira

Quatro antigos membros da direcção dos Bombeiros Voluntários de Vouzela garantiram, ontem, no Tribunal de Trabalho de Viseu, que a ex-funcionária da secção de Campia, que exige uma indemnização de 115 mil euros por ter sido despedida, beneficiava de regalias por estar disponível 24 horas por dia.

A mulher, que tinha a função de quarteleira desde 1998, tarefa que a obrigava a estar sempre disponível para atender o telefone naquela secção destacada, pediu ao Tribunal que considerasse nulo o despedimento que sofreu na sequência de um processo disciplinar, exigindo então uma indemnização de 115 mil euros por trabalho suplementar.

Na terceira sessão do julgamento, ontem realizada, os quatro antigos elementos da Direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vouzela, disseram que a funcionária, além de não pagar renda de casa, água, telefone e electricidade, explorava gratuitamente um bar instalado na secção de Campia.

António Fernandes, pároco, que foi presidente da Direcção entre 1992 e meados de 1998, contou que a mulher chegou aos bombeiros através do marido, que tinha sido contratado para motorista e socorrista.

"Ele disse-me que se lhe dessem uma casa, traria a mulher e que ela atenderia as chamadas 24 horas por dia, sem vencimento", contou, acrescentando que o pedido foi aceite e que o não pagamento das rendas e das contas funcionava como "uma compensação".

No entanto, o padre garantiu que a quarteleira não trabalhava 24 horas por dia, "apenas estava disponível, até porque só havia "uma ou duas chamadas".

"Eu ia lá muitas vezes. Muitas, não a encontrei e outras encontrei-a a fazer croché", lembrou ainda, à agência Lusa, o sacerdote.

Nova sessão de julgamento ficou marcada para o dia 23 de Junho. Deverá ser a última.


Nota:JN

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