O ministro da Administração Interna, António Costa, disse ontem, no Parlamento, que a morte de cinco sapadores chilenos e de um bombeiro português no fogo ocorrido em Famalicão da Serra se deveu, "para além de problemas de coordenação da acção no terreno, a dois fenómenos relacionados com o comportamento do fogo". E referiu quais "Uma situação particularmente complicada de fogo de copas e uma erupção violenta que apanhou os seis homens no percurso da evacuação".
Na Comissão Eventual para os Fogos Florestais, o titular da pasta da Administração Interna afirmou já ter conhecimento do inquérito às causas do acidente e que todos os relatórios (este primeiro é ainda preliminar) serão fornecidos aos deputados. Contudo, até ao final do Verão deverá ser mantida "confidencialidade" sobre as averiguações deste caso, assim como da forma como decorreu o polémico combate às chamas em Fragoso, Barcelos.
Em resposta às perguntas de Alda Macedo, do BE, e do presidente da Comissão, o socialista Rui Vieira, o ministro afirmou que "houve articulação" e que "o corpo de bombeiros de S. Gonçalo actuou segundo as ordens dos sapadores chilenos".
À luz da legislação aprovada este ano e que regula o Sistema Integrado de Operações de Socorro, a cadeia de comando é, contudo, totalmente inversa. Segundo um dos membros da comissão de inquérito explicou ao JN, o helicóptero da Afocelca (associação de empresas de celulose para quem trabalhavam os sapadores chilenos) descolou para o local 25 minutos depois do alerta de fogo, "quando já havia muitos intervenientes no local".
Como obriga a lei, a intervenção foi articulada com o comando distrital de operações da Guarda e "o piloto falou também com os bombeiros", já que o comando operacional lhes competia. O relatório preliminar "não aponta responsáveis directos pelas falhas verificadas" e salienta, por outro lado, que a deficiente coordenação "não foi a causa directa do acidente".
Houve um fenómeno eruptivo extremo do fogo que, na opinião atribuída ao professor universitário Xavier Viegas (também membro da comissão), terá sido mais anormal em termos de velocidade de propagação das chamas do que a ocorrida em Mortágua, no ano passado (quando morreram quatro sapadores de Coimbra). Aliás, o investigador fez uma reconstituição do acidente em laboratório e terá sido conseguida uma "aproximação muito real"ao que sucedeu, estando ainda a ser estudado o comportamento do fogo, para que dali sejam retiradas lições.
Consensual é que houve um erro de avaliação do perigo da situação. "Todas as testemunhas que ouvimos falaram do fogo como sendo rasteiro, de 30 centímetros, um fogo de caruma", explicou fonte da comissão de inquérito. "Pela grande quantidade de pessoas presentes e pelo facto de haver bombeiros com água, os sapadores entenderam claramente que estavam reunidas condições para trabalharem em segurança".
A rapidez com que tudo acontece reflecte-se na desorientação e reacção de pânico dos sapadores, que falham a linha de fuga. António Costa referiu este aspecto na sua intervenção de ontem, explicando que dos 14 elementos envolvidos no combate ao fogo, "oito evoluíram bem, mas seis - por razões não apuradas -, escolheram um caminho diferente". Aos deputados, o ministro revelou ainda que "os sapadores chilenos tinham o equipamento todo, mas largaram-no", porque resolveram aliviar a carga para saltarem um declive acentuado.
Conceito evolutivo conforme competências
O objectivo do SIOPS é definir mecanismos de articulação de operações e compreende dois níveis de coordenação - um institucional e outro operacional. Em termos operacionais, prevê um primeiro nível de comando da primeira força a chegar ao local, que evolui, de forma modular, consoante "a adequação técnica dos agentes presentes no teatro das operações e a sua competência legal". A responsabilidade de articulação de meios é do comandante distrital (que, no caso, foi chamado a integrar a comissão de inquérito).
Enquadramento de meios da Afocelca
O comando distrital tem sempre informação da intervenção de meios da Afocelca, competindo-lhe fazer o seu enquadramento com o comandante operacional no terreno.
Reacções distintas perante resultados
Para a Liga dos Bombeiros Portugueses, o relatório preliminar do acidente "é mais do mesmo", ao não especificar o conceito de falha de coordenação. Diferente é a reacção da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, por "finalmente alguém com um alto cargo político admitir que existe falta de articulação no combate aos incêndios".
Fonte: JN
Na Comissão Eventual para os Fogos Florestais, o titular da pasta da Administração Interna afirmou já ter conhecimento do inquérito às causas do acidente e que todos os relatórios (este primeiro é ainda preliminar) serão fornecidos aos deputados. Contudo, até ao final do Verão deverá ser mantida "confidencialidade" sobre as averiguações deste caso, assim como da forma como decorreu o polémico combate às chamas em Fragoso, Barcelos.
Em resposta às perguntas de Alda Macedo, do BE, e do presidente da Comissão, o socialista Rui Vieira, o ministro afirmou que "houve articulação" e que "o corpo de bombeiros de S. Gonçalo actuou segundo as ordens dos sapadores chilenos".
À luz da legislação aprovada este ano e que regula o Sistema Integrado de Operações de Socorro, a cadeia de comando é, contudo, totalmente inversa. Segundo um dos membros da comissão de inquérito explicou ao JN, o helicóptero da Afocelca (associação de empresas de celulose para quem trabalhavam os sapadores chilenos) descolou para o local 25 minutos depois do alerta de fogo, "quando já havia muitos intervenientes no local".
Como obriga a lei, a intervenção foi articulada com o comando distrital de operações da Guarda e "o piloto falou também com os bombeiros", já que o comando operacional lhes competia. O relatório preliminar "não aponta responsáveis directos pelas falhas verificadas" e salienta, por outro lado, que a deficiente coordenação "não foi a causa directa do acidente".
Houve um fenómeno eruptivo extremo do fogo que, na opinião atribuída ao professor universitário Xavier Viegas (também membro da comissão), terá sido mais anormal em termos de velocidade de propagação das chamas do que a ocorrida em Mortágua, no ano passado (quando morreram quatro sapadores de Coimbra). Aliás, o investigador fez uma reconstituição do acidente em laboratório e terá sido conseguida uma "aproximação muito real"ao que sucedeu, estando ainda a ser estudado o comportamento do fogo, para que dali sejam retiradas lições.
Consensual é que houve um erro de avaliação do perigo da situação. "Todas as testemunhas que ouvimos falaram do fogo como sendo rasteiro, de 30 centímetros, um fogo de caruma", explicou fonte da comissão de inquérito. "Pela grande quantidade de pessoas presentes e pelo facto de haver bombeiros com água, os sapadores entenderam claramente que estavam reunidas condições para trabalharem em segurança".
A rapidez com que tudo acontece reflecte-se na desorientação e reacção de pânico dos sapadores, que falham a linha de fuga. António Costa referiu este aspecto na sua intervenção de ontem, explicando que dos 14 elementos envolvidos no combate ao fogo, "oito evoluíram bem, mas seis - por razões não apuradas -, escolheram um caminho diferente". Aos deputados, o ministro revelou ainda que "os sapadores chilenos tinham o equipamento todo, mas largaram-no", porque resolveram aliviar a carga para saltarem um declive acentuado.
Conceito evolutivo conforme competências
O objectivo do SIOPS é definir mecanismos de articulação de operações e compreende dois níveis de coordenação - um institucional e outro operacional. Em termos operacionais, prevê um primeiro nível de comando da primeira força a chegar ao local, que evolui, de forma modular, consoante "a adequação técnica dos agentes presentes no teatro das operações e a sua competência legal". A responsabilidade de articulação de meios é do comandante distrital (que, no caso, foi chamado a integrar a comissão de inquérito).
Enquadramento de meios da Afocelca
O comando distrital tem sempre informação da intervenção de meios da Afocelca, competindo-lhe fazer o seu enquadramento com o comandante operacional no terreno.
Reacções distintas perante resultados
Para a Liga dos Bombeiros Portugueses, o relatório preliminar do acidente "é mais do mesmo", ao não especificar o conceito de falha de coordenação. Diferente é a reacção da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, por "finalmente alguém com um alto cargo político admitir que existe falta de articulação no combate aos incêndios".
Fonte: JN
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