sábado, março 25, 2006

No jornal de noticias...

Nota de esclarecimento e reflexão sobre bombeiros


Arecente polémica relativa às alterações efectuadas na estrutura de alguns comandos distritais de Operações e Socorro revestiu-se, no caso concreto do distrito de Viseu, de um tom de ligeireza, imprecisão ou desconhecimento de aspectos determinantes, que merecem um breve esclarecimento.

Relativamente aos comentários recém-publicados em órgãos da Comunicação Social, em que fui directamente visado, lamento ter de dizer que quem os proferiu demonstrou em primeiro lugar não entender as virtudes de serem acrescentadas mais-valias à estrutura do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, resultando, aliás, numa evolução que me parece correcta e inevitável, do sucedido nos últimos anos, em que os centros de prevenção e detecção de incêndios (CPD) apoiaram com informação específica a tomada de decisão do CDOS, nomeadamente na época dos incêndios florestais.

A minha experiência de coordenador do CPD do Distrito de Viseu, trabalhando no mesmo espaço físico e em ligação com o comandante operacional distrital e restantes elementos do CDOS, torna para mim claro que os objectivos que nos norteiam de uma actuação fundamentada, em nome da eficácia e operacionalidade só serão atingidos com o trabalho multifacetado de uma equipa em prol de uma unidade de comando.

Cingindo-me a uma visão técnica, parece-me evidente que um Comando de Operações e Socorro não pode depender apenas de um único elemento, por maiores que sejam as suas capacidades e competências. Deste modo, é óbvio que estará mais habilitado à coordenação e comando, se integrado nessa estrutura existir também um trabalho de retaguarda na forma de Sistemas de Informação Geográfica, concretamente ao nível cartográfico, ocupação do solo - combustíveis florestais, infra-estruturas florestais (rede viária, rede divisional e pontos de água) e meteorologia e outros aspectos do binómio fogo/floresta.

Só assim se poderá nesta matéria evoluir, tirando partido da informação e técnicas que hoje podem ser disponibilizadas, ajudando a decidir de forma mais fundamentada, sob pena de ano após ano se manterem os modos de ponderação e consequentemente de decisão. Em segundo lugar, lamento também que tais afirmações evidenciem nesses elementos com responsabilidade no comando que as normas de bom senso, respeito e boa educação não são apanágio da sua formação.

Felizmente que tendo o privilégio de conhecer pessoalmente grande parte dos elementos de comando e chefia de bombeiros do distrito, os quais me merecem toda a consideração, seja por ter sido formador em acções de formação a eles dirigidas sobre a Circunscrição de Incêndios Florestais - O fogo controlado, seja pelas participações tidas nas reuniões das comissões municipais da Defesa da Floresta Contra Incêndios, ou mesmo no encontro em teatro de operações, me levam a pensar que os comentários acusatórios proferidos são de alguém que não me conhecendo tão-pouco terá a legitimidade para o fazer.

Acrescentarei que a minha formação pessoal, assente em valores como a seriedade e a transparência, a minha formação habilitacional de licenciatura e mestrado nas Ciências Florestais e a minha experiência profissional de mais de uma década dedicado sobretudo aos incêndios florestais, em vertentes tão diferentes como a do planeamento e prevenção, ou o da formação complementar em níveis diversos dos Sapadores Florestais à docência no Ensino Superior na área específica do Controle de Fogos Florestais, me deixam à vontade para que transparentemente o meu curriculum possa ser confrontado por quem o desejar.

* esteve indicado para 2.º comandante do Centro Distrital de Operações e Socorro de Viseu, o que motivou críticas de alguns comandantes de bombeiros, acabando por não tomar posse por decisão própria.

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